O discurso de Aristófanes sobre o amor em “O Banquete”

  Eros, além de abençoadores artistas, também abençoa os filósofos. Inesperadamente, reabri um livro que já havia lido e reli minha parte favorita bem perto do Dia do
s Namorados. Decidi compartilhar de forma resumida uma parte da obra milenar.
 O Banquete é uma das maravilhosas obras do filósofo Grego Platão e a mais apreciada devido ao tema abordado: “o amor”. Aristófanes, um dos personagens, surge para explicar a natureza humana e as diversas formas de amar, destacando o poder do amor desde o princípio do seu discurso. Segundo ele, a natureza humana atual é diferente daquela criada pelos deuses.
 No início da criação humana, havia três gêneros: feminino, masculino e andrógino. Aristófanes afirma: "andrógino era então um gênero distinto, tanto na forma como no nome comum aos dois, ao masculino e ao feminino, enquanto agora nada mais é que um nome posto em desonra".
 Segundo Aristófanes, os homens tinham dorso redondo, flancos circulares, quatro mãos e quatro pernas. Tinham dois rostos numa só cabeça, quatro orelhas e dois sexos. Andavam como nós, porém de maneira mais ágil em comparação com uma roda. Cada sexo era simbolizado por um elemento: masculino pelo sol, feminino pela terra e andrógino pela lua.
 Os humanos eram fortes, mas ao desafiarem os deuses, Zeus os enfraqueceu para que não fossem extintos devido às ofertas recebidas. Os homens foram divididos em dois e a pele excedente foi puxada para o ventre, formando o umbigo como lembrança perpétua do erro cometido.
 Ao se verem mutilados, tentavam encontrar sua outra metade e ao fazê-lo, se uniam até a destruição. Com pena, Zeus moveu os órgãos genitais para a frente para que houvesse reprodução entre machos e fêmeas. Quanto ao mesmo sexo, Aristófanes diz: "mas se fosse um homem com um homem, que ao menos tivesse satisfação em sua proximidade e pudesse descansar, trabalhar e se ocupar do restante da vida".
 Em busca de sua natureza original, cheia de vigor, o homem procura sua metade. Os do sexo feminino buscam semelhantes e o mesmo ocorre com os do sexo masculino na homoafetividade. A busca pela união das metades é impulsionada pelo desejo sexual, concedido por Zeus. Aristófanes conclui que a natureza humana é uma, onde o amor é viável no mundo físico, mas uma expansão total erótica almejada é metafísica.
 A felicidade está em alcançar o amor, recuperar força e poder. É magnífico entender Eros e as visões compartilhadas nesta obra platônica. Podemos elevar-nos de um conceito simples do amor, do cotidiano, para uma reflexão mais profunda e detalhada.

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