CHILDFREES

 


Em 1972, nos Estados Unidos, foi criado a NON (National Organization for Non-Parents) organização que visava defender os direitos de reprodução e a liberdade de escolha de não ter filhos. O termo tratado nesse texto, childfree, vem do inglês Child (criança) e Free (livre), ou seja, “livre de criança”. Este surgiu entre os anos 80 e 90, também nos Estados Unidos, levantando a pauta sobre a escolha de não ter filhos, desenvolvendo-se também no Canadá.

Atualmente, esse movimento é presente no Brasil, e nosso contato com ele se dá principalmente através das redes sociais, em grupos e páginas do Facebook criadas com o intuito de levantar questões sobre métodos contraceptivos e temas sobre a maternidade compulsória, além do respeito da sociedade pela opção de não ter filhos. A princípio essas são as propostas do ChildFree, mas houve ramificações. Hoje existem restaurantes e hotéis que não permitem a entrada de crianças. Porém, o problema tratado aqui não é sobre a entrada de crianças em restaurantes e hotéis, mas sobre quando o discurso sai da vertente de direitos de não ter filhos e segue para a exclusão de mães e crianças, caindo, nessas páginas, em debates pejorativos. Quem pesquisar assuntos relacionados com childfree observará que em várias postagens há comentários de mulheres ridicularizando mães (principalmente mães solteiras!), relatando que olharam torto para uma criança que chorava em local público ou confessando sua intolerância com crianças atípicas.

Afinal, o que ocorre com esses grupos que manifestam seu ódio por crianças e suas mães? Seria um ajuntamento de pessoas frustradas com alguns aspectos da vida, necessitadas de uma boa terapia? Para estas, uma mulher grávida é tão incômoda que chega ser chamada de “parideira”. Também há discursos que rondam, quase de forma policialesca, a atividade sexual da mulher, destilando coisas como “gozou e agora temos que suportar essa criança”. Lembrando que muitas militantes de uma parcela do feminismo, o identitário, possuem questões claramente mal resolvidas em suas vidas particulares — falta de eroticidade, falta de prazer sexual. Assim como boa parte da direita que elegeu Bolsonaro.

Todos têm direito de ir a um bar/restaurante que ofereça um ambiente saudável, e muitas vezes esses ambientes não são indicados para crianças. Faz parte do bom senso dos pais avaliarem aonde vão. Ser respeitada pela escolha de não ter filhos também é um direito, assim como o acesso a métodos anticonceptivos. Porém, crianças e mães também fazem parte do todo social, e é inaceitável alimentar posturas de ódio contra elas. Sua prima quer ser tratada melhor que todo mundo porque está grávida? Simplesmente se afaste. Barulhos te irritam? Vá para um bar adequado ou use protetores auriculares. O mundo está aí na sua dinâmica, e todos os tipos de pessoas têm o direito de levar suas vidas.

Jessica Bittencourt

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